Cidades Resilientes: como as comunidades podem se preparar para enfrentar as mudanças climáticas?

Cidades Resilientes: como as comunidades podem se preparar para enfrentar as mudanças climáticas?

Secas, ondas de calor, tempestades e inundações estão cada vez mais frequentes e intensas. As cidades, que abrigam a maioria da população mundial, estão na linha de frente das crises climáticas. Mas como podemos nos preparar para os desafios e construir cidades resilientes capazes de enfrentar os impactos das mudanças climáticas?

A urbanização é uma realidade cada vez mais presente, com a maioria da população mundial vivendo em cidades. Segundo o Relatório Mundial das Cidades 2022, publicado pela ONU-Habitat, 68% da população global estará vivendo em áreas urbanas. Isso acende um alerta vermelho: como lidar com os desafios e precariedades da infraestrutura urbana e falta de planejamento nas cidades? 

Imagem: OCHA(2020) e BID (2020)

A resiliência pode ser entendida como a capacidade de um sistema ou comunidade de se adaptar e se recuperar rapidamente de eventos estressantes ou perturbadores, mantendo ou restaurando sua estrutura e funcionamento básicos. A resiliência urbana seria a capacidade dos sistemas, negócios, instituições, comunidades e indivíduos de uma cidade de sobreviver, se adaptar e prosperar, mesmo diante de estresses crônicos e choques agudos que possam experimentar. Para alcançar essa capacidade, são necessários modelos de governança que mitiguem os riscos e respondam de forma efetiva aos desafios. Esse conceito, proposto pela Resilient Cities Network, destaca a importância de construir cidades mais resilientes para enfrentar as mudanças climáticas e outros desafios globais.

Em 2022, o Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, organizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), divulgou um relatório preocupante: 97 megacidades em todo o mundo já estão relatando dificuldades relacionadas às mudanças climáticas. Infelizmente, o Brasil é um dos países que têm sofrido com os eventos climáticos extremos, resultando em mortes e acentuando crises sociais. E as comunidades, principalmente as pobres e periféricas, são as mais atingidas. 

Partindo disso, algumas medidas podem ser adotadas para mitigar ou reverter os efeitos causados pelas mudanças climáticas nas cidades e suas comunidades, dentre elas estão: 

  1. Investir em infra estruturas resistentes: Para lidar com alagamentos, inundações, períodos de seca e ondas de calor, as cidades podem investir na construção de infraestruturas resistentes com a construção de diques, represas, sistemas de drenagem e outras estruturas que podem resistir a eventos climáticos extremos.
  2. Planejamento urbano: As cidades estão trabalhando para integrar a resiliência climática em seus planos urbanos. Isso inclui o uso de materiais de construção sustentáveis, a promoção de edifícios energeticamente eficientes e a criação de espaços verdes para ajudar a mitigar os efeitos do calor urbano, como a construção de telhados verdes.
  3. Promoção de uma cultura de preparação: A educação e conscientização é um caminho para falar sobre a importância da preparação para lidar com desastres e criar programas de treinamento para ajudar as pessoas a se prepararem para eventos climáticos extremos.
  4. Engajamento da comunidade: As cidades devem envolver a comunidade na criação de soluções de resiliência climática. Isso inclui a criação de comitês de planejamento comunitário, a realização de fóruns públicos e a criação de programas e projetos para incentivar a participação cívica.

Soluções baseadas na natureza: a chave para tornar as cidades mais resilientes e sustentáveis

Já imaginou que a solução ao nosso problema está na própria natureza? Parece óbvio e é! Soluções baseadas na natureza são estratégias que utilizam a natureza e seus processos ecológicos para enfrentar desafios urbanos e ambientais. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), organização que cunhou o termo, define as SBN como “ações para proteger, manejar de forma sustentável e restaurar ecossistemas naturais e modificados, que abordam desafios sociais de forma efetiva e adaptativa, promovendo o bem-estar humano e benefícios para a biodiversidade” (WRI Brasil, 2022

As SBN são apenas uma das muitas abordagens para a adaptação climática que colocam a natureza no centro. Outros termos, como adaptação baseada em ecossistemas, infraestrutura verde, infraestrutura verde-azul, e infraestrutura natural, também estão sendo amplamente utilizados para descrever abordagens semelhantes. Essas soluções têm uma série de impactos positivos, já que os ecossistemas protegidos, recuperados, gerenciados e criados fornecem vários serviços para os seres humanos e a vida no planeta. 

Construir cidades e comunidades resilientes é um desafio que exige a adoção de soluções inovadoras e sustentáveis para lidar com os impactos das mudanças climáticas. Nesse contexto, podem ser adotadas algumas medidas: 

Telhado verde na sede da Sociedade Britânica de Equitação.

Telhados verdes: retarda a entrada da água da chuva no sistema de drenagem, regula a temperatura interna das edificações e ajuda a atenuar o impacto do aumento da temperatura e de ondas de calor sobre a população.

  • Telhados verdes: quais são as camadas e como impermeabilizá-los usando membranas líquidas, publicado pelo Archdaily

Jardins de chuva: acomoda a água da chuva proveniente do escoamento superficial, purifica a água antes de infiltrar no solo e recarrega o aquífero.

  • A Prefeitura do Recife inaugurou Jardins Filtrantes no Parque do Caiara, publicado pela Prefeitura do Recife

Agricultura urbana: confere função social a terrenos ociosos, gera segurança alimentar, renda e resiliência para as comunidades.

  • A agricultura urbana e periurbana explicada em 12 questões, publicada pela Nexo

Parques lineares: inclui a renaturalização dos corpos d’água antes canalizados, recuperando as margens e áreas de várzea, que alagam em momentos de cheia ou após chuvas intensas, e contribui para o escoamento e retenção natural das águas.

  • Paisagismo em escala urbana: 12 projetos de parques lineares, publicado pelo Archdaily

Restauração da vegetação nativa em morros: contribui para a estabilidade do solo e a mitigação da erosão e de deslizamentos.

Restauração da vegetação costeira: é uma medida de adaptação à elevação do nível do mar e a tempestades mais frequentes e fortalece a resiliência de populações que dependem desses ecossistemas como meio de subsistência.

Corredores ecológicos: visa conectar fragmentos de vegetação, favorecendo a movimentação da fauna e o fluxo gênico das populações, melhora as condições de drenagem e recarga de aquífero e contribui para atenuar o calor.

Lab Tempestade Olinda: um laboratório para co-criar soluções na construção de cidades mais resilientes 

Neste último final de semana, a Casa Criatura recebeu as pessoas selecionadas para a primeira edição do Laboratório de Ações Climáticas. Durante o encontro, foram formadas equipes que agora seguem trabalhando no desenvolvimento de seus protótipos, em um formato híbrido que inclui trabalho remoto e encontros presenciais. Os protótipos finais serão apresentados no dia 6 de maio e as equipes receberão apoio técnico e de mediação por parte da equipe de gestão do Lab Tempestade ao longo do processo.

O objetivo do Lab Tempestade é estimular o debate sobre Mudanças Climáticas e promover um ambiente criativo para prototipar soluções em resposta às crises e emergências climáticas. Esta ação, que tem apoio da fundação alemã Stiftung Nord-Süd-Brücken e do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, tem como co-realizadoras o Instituto Procomum e a Global Innovation Gathering. 

Para saber mais, acesse aqui. 

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