Neste sábado (11) a Casa Criatura vira palco de apresentação para a artista Rayssa Dias, que é uma das atrações da edição online do Festival Coquetel Molotov.EXE
O Festival Coquetel Molotov, um dos principais eventos de música independente de Pernambuco, anuncia sua programação e terá como atração a artista pernambucana Rayssa Dias.
Em parceria com a Aqualtune Produções, produtora de Rayssa Dias, a Casa Criatura será usada como cenário de apresentação da artista no festival. Com a equipe de produção reduzidíssima e respeitando todos os protocolos de segurança, a Casa Criatura não abrirá ao público. Nós compreendemos o momento e apoiamos as (os) artistas locais, que assim como no resto do país, têm passado por uma crise econômica séria e muitas vezes não dispõem da infraestrutura mínima para dar continuidade à divulgação dos seus trabalhos. É neste sentido que cedemos o espaço e abrimos as nossas portas, garantindo a infraestrutura para a sua apresentação.
Com uma proposta totalmente online, o Festival Coquetel Molotov.EXE acontecerá neste dia 11 de julho (amanhã). O evento fará uma verdadeira maratona musical que reunirá artistas locais e nacionais em três palcos e um lounge. As apresentações acontecerão em salas simultâneas na plataforma Zoom e o acesso ao evento é por meio de convite. O ingresso tem contribuição mínima de R$5 e o dinheiro será revertido em doação para a Ecovida Cooperativa Palha de Arroz, cuja iniciativa é formada por mulheres catadoras de materiais recicláveis. Interessadxs devem inscrever-se e acessar a página do evento, acessível no sympla. A programação do palco TNT, ao qual Rayssa Dias fará sua apresentação, inicia às 19h.

Rayssa Dias é uma das novas potências artísticas de Pernambuco
Olindense, mulher, preta e talentosa, Rayssa Dias é um dos novos nomes da cena artística pernambucana. Aos 25 anos, foi a primeira mulher da cena brega funk a subir no Festival RecBeat, um dos mais importantes festivais de música independente do país e que acontece durante o carnaval, na cidade do Recife. Suas músicas são marcadas por um forte teor político, que empodera meninas e mulheres negras das periferias.
Em entrevista para a G1, Rayssa Dias lembra a importância de fortalecer o trabalho de artistas locais e encorajá-las a ocupar o seu espaço no brega-funk. Ela lembra que artistas de outros estados, e geralmente brancas, têm conseguido este reconhecimento. Reforça que o brega nasceu em Pernambuco e que as artistas da cena precisam ter o reconhecimento fora daqui também. Em 2017, o brega foi reconhecido como expressão cultural pernambucana, pela Lei 14.674, o que inclui a expressão nas políticas públicas de cultura do estado, mas a realidade ainda é outra e bem diferente. O apelo de Rayssa Dias é, sobretudo e ainda, um não ao preconceito e ao racismo.
Enquanto artista, estamos em um momento de grande dificuldade, principalmente nós que moramos em comunidade. Os problemas são de estrutura. Nem telefone nem internet de boa qualidade temos para fazer as transmissões. Nesse momento a Casa Criatura, assim como o Coquetel Molotov, entram dando um grande apoio e se mostram grandes parceiras. União é a palavra que representa o momento. A ajuda não é só para uma artista, mas para uma mulher preta que luta diariamente para fazer a sua arte. Sou muito grata!
A cantora já lançou oito músicas e vem buscando apoio para produção do seu primeiro CD. Curtidores do passinho, ritmo que ferve em qualquer pista de dança, já conhecem muito bem suas canções como “Fogo no Parquinho”, “Malvadas q Brotam” e “Foda Demais”. Rayssa Dias é uma das atrações do Festival Coquetel Molotov.EXE deste ano e ficamos muito felizes em poder recebê-la em nossa casa!
Quem está por trás da artista Rayssa Dias
A Aqualtune Produções é um empreendimento de mulheres pretas que tem promovido artistas, notadamente mulheres negras das periferias, que se destacam na cena do hip hop e do brega. Atualmente a produtora direciona o trabalho de cinco artistas pernambucanas, dentre elas Bione, Rayssa Dias e Negrita MC.
A produtora nasceu em 2017, com duas mulheres negras, cuja missão foi dar voz aos artistas da periferia. A iniciativa se reconhece como a primeira produtora cultural do estado formada por mulheres negras a pautar o empoderamento feminino e a cultura negra na cena artística pernambucana. A Aqualtune Produções não apenas agencia como também dá o suporte necessário para o amadurecimento profissional das artistas, como busca oportunidades para a sua qualificação, de modo a garantir que estejam aptas a competir no mercado cultural local e nacional.
Em conversa com Lenne Ferreira, comunicadora social e uma das coordenadoras do empreendimento, ela enfatiza a luta diária da sua produtora que é construir a trajetória com as meninas e que muitas vezes precisam enfrentar as precariedades que permeiam seus contextos locais. “Esta crise, que não é só nossa, deixa muito evidente as desigualdades sociais. Não está sendo nada fácil viver da arte e da cultura neste momento. (…) o problema é muito maior, ele é estrutural! E deixa evidente que quem é preta (o) e periférica (o), sofre muito mais. Por isso é tão importante que possamos agir em rede, pela força colaborativa, para que consigamos construir novos formatos de sobrevivência e continuar vivendo daquilo que amamos: da arte”.