Caso não sofresse um acidente de trabalho que lhe custaria a vida em 27 de julho de 1973, Bruce Lee, nascido Lee Jun-fan (em chinês 李振藩) completaria 80 anos em Novembro próximo. Foi um artista, ator, lutador de artes marciais, filósofo e cineasta norte-americano que veio de uma família de Hong Kong, fundador do Jeet Kune Do e filho do astro da Ópera cantonesa Lee Hoi-Chuen.
Para celebrar com consciência, a Casa Criatura vai fazer uma sessão de live stream durante a pandemia para assistirmos juntos o filme “The Big Boss”, de 1971. Em “The Big Boss” Bruce Lee incorpora em Cheng Chao-An uma perspectiva de classe. O brilhante diretor Lo Wei nos introduz em uma história real, sobre imigrantes chineses numa fábrica de gelo na Tailândia. Cheng carrega consigo um medalhão de jade — símbolo do juramento feito à sua falecida mãe; de que jamais lutaria de novo. Ele se depara a todo momento com diversas injustiças, e, prestes a reagir, recua, o que provoca um desconforto em quem assiste. Afinal, os eventos não param de suceder em razão de sua promessa. É notável no filme, a forma como os operários chineses interagem entre si, com respeito mútuo, cooperação, legítima amizade, e respeito às mulheres. O que contrasta com o estilo de vida financiado pelos sócios colonialistas da fábrica; regado à prostituição, interesses individualistas, e o abuso constante dos trabalhadores.
O filme será transmitido pelo canal do Twitch doutorsocrates90, nesta Sexta-feira, 17 de julho, as 19h30 da noite. Também estará disponível uma sala de batepapo no Jitsi (que pra quem não conhece, é tipo o Zoom), basta clicar aqui para participar de uma conversa animada durante o filme.
Para ir esquentando, vale acompanhar a entrevista “perdida” de Bruce, pra ver que ele era muito mais que um rostinho bonito na TV:
Em um momento em que as relações entre China, Hong Kong e o ocidente se mostram tão turbulentas, nada melhor que chamar um mestre no assunto para seu ponto de vista histórico sobre o tema. Desde a juventude, Lee foi um nacionalista orgulhoso e expressivo, chegando por diversas vezes a envolver-se em brigas no St. Francis Xavier’s College onde estudava com outros alunos britânicos que frequentemente demonstravam um sentimento de superioridade em relação aos chineses. Ainda adolescente, também se envolveu em brigas contra gangues que extorquiam pequenos comerciantes em Hong Kong, sofrendo em decorrência disso, uma tentativa de assassinato. Fato que resultou em sua fuga para os Estados Unidos, onde foi morar em São Francisco, logo depois, mudando-se para Seattle. Finalmente concluiu os estudos e ingressou na Universidade de Washington onde cursou filosofia.
Confira também clicando aqui fabuloso texto de Maria Eduarda Kashimir sobre o grande mestre e o nacionalismo Chinês, para esquentar os reflexos para a noite de sexta!